Crianças expostas na Casa da Roda de Ponte de Lima, mas nem todas enjeitadas

Autores

  • Teodoro Afonso da Fonte

Resumo

A exposição de crianças inscreve-se nos comportamentos demográficos ditos marginais que, por ter atingido uma dimensão tão elevada nos séculos XVIII e XIX, rapidamente se transformou num incontornável problema social. Em períodos de grande valorização dos efetivos populacionais (mentalidade populacionista), não se poderia aceitar que tantas crianças, que tão úteis poderiam ser à pátria, pudessem estar condenadas a morrer pela prática do aborto, do infanticídio ou do abandono. Foi neste contexto que surgiram as rodas, mecanismos institucionais onde, de forma legal e anónima, as crianças poderiam ser expostas. Nestas rodas públicas, passaram a convergir as mais diversas estratégias familiares que, por razões de pobreza ou preservação da honra familiar, estiveram na origem de um aumento crescente de crianças expostas. No entanto, em Ponte de Lima, contrariando os estudos agregativos que também apontam para um aumento significativo das exposições, sobretudo no século XIX, um número indeterminado de crianças apenas foi objeto de um abandono simulado, aproveitando a permissividadedo sistema assistencial e a tolerância social e institucional.

Downloads

Publicado

2017-02-08

Edição

Secção

Artigos